27 de jul. de 2010

Cigana


A cigana se agita, roda a saia, se embeleza, bonita se diz.
Joga com as palavras, diz verdades que não se devem dizer, sinaliza.
É incompreendida e por vezes mau vista. Faz que não se importa embora queira sempre atenção.
As palavras lançadas aos montes são mensagens aos incautos corações. Quer o bem e o bem semeia.
Àqueles que não a escutam, avisa: quem avisa amigo é...

Gira cigana, na gira.
Canta os pontos entoados no Congá.
Seduz com as palavras, brejeira cigana...
Saravá. 





15 de jul. de 2010

...Sem pausas...


Contínuo processo que não pára corre e não sai do lugar
Corpo livre repleto de uma flexibilidade que não se sabe e mãos atadas pelo invisível desconhecido
Força que existe em algum canto daquele estranho labirinto de saídas não encontradas
Procura sem saber o que procurar naquele universo ainda não desbravado pelos pensamentos velozes e sutis
Insegurança daqueles que não sabem o caminho de volta pra casa mesmo tendo deixado as migalhas pelo chão daquela floresta sem pássaros
Solidão que vive repleta de muitas presenças inconstantes ausentes de tato
Alegria de ter tesouro lapidado que diariamente lapida sua existência
Trajetória longa daqueles que ainda têm muito o que caminhar
Desorientação sem bússola no navio regente da vida imprevisível
Medo constante do eterno não saber que vive a perguntar pergunta de resposta escondida no labirinto habitado
Angústia de temer jamais encontrar a saída e viver de eterno não saber
Coragem perseverante dos fortes teimando em lutar luta vencida por medos intimamente fabricados
Espera inquietante de mudança daquele que não se sabe se pode mudar e emudece a resposta
Incógnita resposta que não sabe se a pergunta existente era ainda pra ser perguntada
Confusa cabeça desconexa enclausurada no tempo que cisma em passar passando sem cerimônia
Tempo passa vida inquietante de angústia da artista sem ponto vírgula exclamação com interrogação nas entrelinhas
Confusão confessada ritmada por tempo corrido ausente de pausas

12 de jul. de 2010

...Não perturbe...



As pernas firmes impulsionam os pedais que fazem girar as rodas
Os pneus vencem os pequenos buracos e degraus
O vento sopra no rosto fazendo esvoaçar os cabelos dourados
A música invade os ouvidos e inunda sua mente e alma de lembranças

O dia tem temperatura tépida e sol fulgurante, sem sombra de nuvens
Os minutos parecem intermináveis, acompanhando as imagens criadas em sua mente
Pessoas passam despercebidas, só podendo se fazer sentir pelo vento que produzem seus   corpos na direção contrária à dela
Seus pensamentos, contínuos, se transformam assim como seus movimentos

Queria ter sempre essa sensação: onde nada limita, sufoca, paralisa
Se pudesse transmitiria e receberia apenas o que só a brisa no rosto e o movimento lhe proporcionam
Felicidade, prazer, bem-estar, segurança, liberdade...
Libertar a mente das dores, dos males, das angústias e das insatisfações.

Mas não pode. Todo esforço seria em vão...
A vida é feita de todos os seus temperos, sentimentos, sensações e vivências. Não podendo se dissociar coisas boas e más.
Caso contrário, não seria viver e sim, sonhar...
Mas a menina teimosa, mesmo sabendo-se impotente, viaja na sedução da ilusão... por que não?

E a menina dorme... sonha acordada.

Shshsh... silêncio! Deixem a menina sonhar...