15 de set. de 2011

Um pouco do Eu que me atravessa

Ser plural.
Concebida no amor, materializada no afeto, atravessada pelo imaterial.
Ser aprendiz.
Formada na vida, contida por saberes diversos, motivada por quereres de saberes além corpo.
Ser pulsante.
Movida pela dança da alma, repleta pelo amor às artes, inquieta pelos movimentos contidos no espaço e ainda não realizados.
Ser dependente.
Necessitada de muitos, tem na ajuda ao próximo seu lema, ansiosa por servir.
Ser viajante.
Traçada por rotas que se cruzam e levam adiante; que se movem e mudam seu curso, indefinidamente refeito.
Ser poeta.
Escrita pelas vivências, firmada pelas experiências, flexibilizada por tantos amores, saberes, viveres e seres que, constantemente, fazem da sua história muitas histórias. Pertencente ao mundo onde todos são, vão e estão em constante movimento.
Ser movente.
Movimento que vibra para além do icosaedro das ilusões.

26 de jul. de 2011

Os mais doces sorrisos...

Faz silêncio dentro dela. 
Por capricho do destino, a ausência se faz presente.
O silêncio é quebrado pelo choro incessante e pelo corpo que arde em febre.
O coração se aperta e acelera. Quer paz.

Faz tudo que pode e, ainda assim, sente-se impotente. Queria poder mais.
Sente falta. Quer dar o colo que não teve. Quer sentir o colo que se foi há quase 7 anos...
Precisa gritar, mas tem sua voz calada.
Inspira, expira... chora.

Não exige das pessoas o que elas não têm, mas exige de si.
Precisa fortalecer-se, mas precisa de uma válvula de escape. Onde encontrá-la?!
Procura, e não acha.
Resigna-se com o que tem, o que pode ser, o que é.

Abaixa a cabeça, sorri e segue.
Ergue-se, acorda e pára.
Olhar no horizonte, corpo presente.
A cabeça fervilha...

Mãos ressecadas, olhos úmidos...
Pequenas mãos acariciam seu rosto e enchem seu coração de alegria.
O amor cerca-lhe a alma... recompensa.
Olha para aquelas duas almas de luz e sente-se forte de novo.

Esquece as tristezas, manda embora a angústia.
Rejubila-se pelo que a vida lhe deu... o maior de todos os bens, o verdadeiro amor.
Segue firme, forte, renovada.
A vida lhe acaricia a pele e a alma com os mais doces sorrisos!

Por elas e pra elas, vale todo e qualquer esforço... 

Que eu tenha sempre a felicidade de ter seus sorrisos, e a alegria de ver-lhes fortes, felizes e realizadas, meus amores... Mamãe ama muito vocês.


8 de jul. de 2011

Resgates...

Os tempos de hoje são cruéis. Mesmo com o advento da tecnologia, do avanço nas comunicações, dos novos conhecimentos que nos chegam a cada dia, vivemos tempos em que um precioso bem se faz ausente. O tempo.
As vinte e quatro horas do dia se tornaram escassas... o mundo globalizado, a escravidão do capitalismo, e a necessidade cada vez mais premente de se produzir, estão tornando os seres humanos escravos... escravos do dinheiro, do trabalho, do tempo.
As antes tão imprescindíveis horas de descanso, de lazer e de momento com a família, se tornaram parcas... e mesmo quando existe uma brecha de tempo, este é tão mal aproveitado em virtude da estafa física e do stress emocional, que se torna inexistente, nula.
Mas até que ponto a busca por melhores condições materiais para a família, para o nosso próprio conforto, e até mesmo para tornar “o mundo melhor”, tornarão as pessoas mais felizes?! Tornarão?!
Sem dúvida essa é uma das grandes incógnitas do mundo contemporâneo, das famílias, de nós  mulheres que, mesmo estando completamente inseridas no mercado de trabalho e atuantes na estrutura material da vida familiar, também nos preocupamos com a qualidade do tempo que destinamos a nós mesmos, à família, ao universo particular em que cada um está inserido.
Hoje vemos nossas crianças cada dia mais inteligentes, dominando a tecnologia e o mundo virtual, ligadas durante muitas horas à programação televisiva. Tudo isso seria ótimo se não fosse só isso ou se isso não tomasse grande parte do seu tempo. E a cada dia que passa, menos as vemos nos parques brincando, andando de bicicleta, correndo, “aprontando”. Cada vez mais as vemos sedentárias, com a maturidade acelerada, pulando fases e vivendo a vida frenética dos pais. Lamentável.
Então o que pretendemos fazer? Que pais desejamos ser? Em que parte do nosso tempo está inserida a família? Está? Que legado pretendemos deixar para nossos filhos? Será que “darmos a eles tudo que não tivemos” em termos materiais é a prioridade? Ou “darmos a eles tudo que não tivemos”, se é que não tivemos, em termos de presença, atenção e cumplicidade de nossos pais seria melhor? O que será que eles pensarão quando tiverem maturidade suficiente para refletir sobre nós, pais? O que nós queremos que eles pensem acerca de nós? Que apenas somos muito trabalhadores e os oferecemos o melhor do mundo? Ou que somos presentes, atentos, atuantes em suas vidas?
Sim, é claro que tudo isso é importante, apesar de ser difícil oferecermos tudo. Mas para isso precisamos lhes destinar nosso tempo, nossa atenção exclusiva nesse tempo, nossa presença, amizade, cumplicidade, paciência... Nesse tempo precisamos ser pais. E só.
Outra parte do tempo precisamos destinar a nós mesmos, para lhes mostrar que também é importante termos nossos momentos privados, o próprio lazer, pois nem só de trabalho e filhos precisamos nos ocupar. Mas ocuparmo-nos com nossa essência, com nosso corpo, com os nossos desejos. Isso é ser feliz.
Nesse mundo cada vez mais expresso, impaciente, hostil, virtual, sem tempo, precisamos recriar o tempo. E mais do que isso, estarmos certos de que o faremos da melhor maneira que pudermos.
Então proponho um resgate. Resgatemos nossas memórias, nossa juventude, a gentileza, a paciência, os afetos... Sejamos menos sérios e mais moleques, encontremos nossa essência, escutemos nossa consciência, nosso corpo. Ouçamos as crianças. As nossas e as que habitam em nós. Recuperemos a utopia, desejemos um mundo realmente melhor... Pois um mundo melhor não se faz só com a matéria, não é regido pelo dinheiro e pela ganância. É antes o mundo das crianças, do amor, da gentileza, da poesia, da arte...  da arte de saber viver bem!... Vocês não acham?!
Namastê!

6 de jul. de 2011

[Des]ordenações

Palavras ditas. Ouvido atento. Pensamentos.
Sentimentos despertos. Peito aberto. Recolhimento.
Sinais claros. Visível distância. Isolamento.
As palavras ecoam...

Ausência de impulso. Excesso de desejo. Inércia.
Gestos audíveis. Tradução incrédula. Repetição.
Sinais conhecidos. Diferentes ações. Incógnitas.
Os impulsos latejam...

Palavras
Pensamentos
Sentimentos
Sinais
Impulso
Desejo
Tradução

Palavras misturadas, mente embaralhada. Confusão.
Faltam as alianças, a dança, o tesão.
Sobram ecos, inércia, paixão.
Quebra-cabeça de peças inexatas e mutáveis precisando se encontrar. [Des]ordenação.

9 de jun. de 2011

Luiza


Menina doce, inteligente, sensível.
Teus olhos são luz, amor, beleza.
Teu corpo é forte, esguio, divinamente lapidado.
Teu coração é imenso, repleto, completo.

Tua presença é luz.
Teu espírito, iluminado.
Espalha amor por onde passa essa menina...
É bênção, é filha dileta, é irmã preferida...

Impossível mensurar o meu amor...
Meu amor por ti vai além do imaginável, ultrapassa limites, tem força infindável.
Filha minha, primogênita querida... Mamãe te ama muito além do que possas imaginar, muito além do que se possa dizer.
Amor incondicional... “amor maior do mundo”.
Luiza, eu te amo. Infinitamente.

26 de abr. de 2011

A falta e o todo mais...

Falta o ar, o mar, o calor
Falta o junto, o perto, o ardor
Falta a conversa, a identidade, o furor...

Faltam espaços, sobram vazios.

Ventre preenchido, coração apressado.
Turbilhão de sentimentos, nervos aflorados.
Momento solitário em meio a multidão. Solidão.
Força que vem sei lá de onde, lágrimas que procuram acalmar...

Transbordamento. Apnéia. Falta-me o ar...

E da falta que a falta faz, faço a construção do todo mais.

13 de abr. de 2011

A neta da Voinha...

A menina cresceu
e mudou
e amadureceu
e concebeu...


A menina anda só
por si só
num ritmo só 
só seu


A menina tem vontade própria
capacidade de discernimento
de julgamento
de entendimento


A menina diz o que pensa
o que sente
o que pressente
ao ausente


A menina não tem aquele ouvido que a ouça
nem aquele colo que a acolha
nem aquele entendimento que a encontre
nem aquela importância que lhe ofereça


A menina sabe que não se dá o que não se tem
mas também sabe que não se dá a ninguém
e não somente a outrém
simplesmente porque lhe convém


Ou se tem e a todos se dá, ou não se tem. E pronto.


A menina é também mulher...


E mulher que pensa sozinha
que sabe por onde caminha
que inventa sua própria trilha
que escolhe com quem compartilha
Ela, a neta da Voinha... 


(que saudade da minha Voinha...)


Mulher que sempre estará aqui, de braços abertos...
pois tem muito amor pra dar 
colo pra embalar
compreensão para desculpar


Ela aprendeu a se bastar
a se amar
a se acreditar
a se dar...


Ela aprendeu a Amar.











23 de mar. de 2011

O tempo da colheita...

O tempo da colheita... assim podemos definir o outono.
Colho a vida plantada na estação gelada, o amor que transborda no ventre, a solidão que nunca me deixa, a euforia do novo ciclo, o desânimo do pouco que se recebe e do muito que se dá, a felicidade do jamais estar só, a dependência que sufoca, a fraqueza presente nos fortes, a força presente nos sensíveis...
 ...e sigo em busca do elo perdido...
Já trilhei caminhos de areia branca e macia, caminhos de pedras ásperas e hostis, caminhos que nunca haviam sido desbravados, caminhos de lágrimas, de sorrisos, de flores... retornei. 
Talvez ainda haja muito a trilhar, talvez ainda haja muito a encontrar e reencontrar, talvez seja só o início do caminho...
Certa vez, alguém muito especial me disse: "Não temas... a vida é bonita".
Não temerei, anjo meu... Seguirei firme e forte, de cabeça erguida, resignada. E se durante o caminho eu me ferir e chorar, desculpa a fraqueza... ainda assim, seguirei. 
Sempre em busca...
Que eu semeie todo o amor que tiver, para que em todo tempo de colheita eu possa me alegrar com seus frutos... tal como agora.











11 de mar. de 2011

... Contraditória Prosa...

A vida pulsa
O relógio badala
O tempo voa
A história ecoa


O coração pulsa
A bebê dança
O espírito depura
A mãe anseia


Solidão acompanhada
Preocupações não compartilhadas
Companhia calada
Choro velado


Mulher deixada de lado
Mãe em tempo integral
Estima em baixa estação
Tempo desacelerado nesse fim de verão


Passa tempo, voa depressa...
Dorme e acorda desejando seu passar...
Quer ver sua cria no ninho, em seu colo,
E seu próprio amor resgatar.



7 de mar. de 2011

No compasso do tambor...


A tarde já havia caído. Chovia.
A chuva chegara para carregar o calor daquele verão árido.
Todavia, a alegria da festa pagã aquecia os corações.

Os blocos preenchiam as ruas.
As escolas desfilavam na avenida.
A felicidade encharcava multidões...

O olhar atento registrava cada momento daquele carnaval cinzento e colorido.
A vida bailava dentro de si, no compasso do tambor,
violão, cavaquinho, apito, surdo, cuíca, tamborim e pandeiro...

A felicidade vinha regida pelo ritmo do samba... 
Samba que vive, revive e sobrevive na história e na memória dessa eterna foliã.