26 de jun. de 2010

...Faz de Conta...


Ela ri, ela canta, ela dança... ela faz um carnaval.
Sua vida parece um grande faz de conta.
Os dias são longos, grandes como a extensão de seu querer.
Seus olhos fortes penetram a alma, seduzem outros olhares, percebem o todo singular.
Ela chora, ela canta, ela dança... ela faz um carnaval.
Faz de conta que que vive.
Quase não deseja. Curtos e secos são seus dias.
Seus olhos desejam ser penetrados, seduzidos, singularizados.

Ela ri, ela canta, ela dança... e chora, e canta e dança...
Ela faz do faz de conta um eterno carnaval.

17 de jun. de 2010

A bailarina


A bailarina dança o silêncio,
movimenta o espaço,
desconstrói a música,
paira no ar.

Corpo esguio, delicado.
Pernas firmes,
braços fortes.
Fortaleza, candura, destreza.

Os movimentos trazem devir,
o corpo cria nova linguagem.
os sentidos se aguçam,
um novo universo se abre.

Sabe-se frágil e forte, artista que é.
Bailarina, menina, mãe, mulher.
Sua vida é arte, encontro, dança
seus passos música, amor e constante mudança.

Descobriu no corpo e com o corpo, sua potência.
A potência de existir bailarina, mãe, mulher, menina que sabe o que quer.
E se a vida por vezes parece incerta,
seus afetos se fazem certeza de constante bem-me-quer.


4 de jun. de 2010

[Des]abafo

Tentando definir o indefinível. Transmutação de pensamentos pensados, sonhados, por vezes vividos que transformam as voltas da vida em uma montanha russa de sensações, inquietações e incógnitas respostas...
Solidão sem companhia, palavras ruminadas, sentimentos desprezíveis, desprezados. Amor sem reciprocidade, amizade interessada em outros ganhos, constatações já antes constatadas, incredulidade.
Do imenso e promissor jardim, restaram apenas as folhas caídas daquele gélido outono... a brisa quase polar atravessava os cabelos dourados e cortava a pele pálida. Mas a cicatriz que acabara de se abrir naquele mesmo peito já calejado, latejava. O pescoço outrora arranhado por mãos não menos amadas, sentia-se ainda mais exposto...
Recolhimento. Do vazio silêncio ouviam-se os soluços.
Sua esperança era de que o líquido advindo das lágrimas pudesse molhar e acabar com toda secura... acreditava que poderia ter nelas o remédio necessário para cicatrizar a alma e fazer renascer o sorriso, o calor e a esperança do seu já calejado, mas não menos resignado, coração.
Recolhe-te, respira. Na vida, tudo passa...