27 de jan. de 2010

...Faço destas minhas palavras...


Já escondi um amor com medo de perdê-lo, já perdi um amor por escondê-lo.
Já segurei nas mãos de alguém por medo, já tive tanto medo, ao ponto de nem sentir minhas mãos.
Já expulsei pessoas que amava de minha vida, já me arrependi por isso.
Já passei noites chorando até pegar no sono, já fui dormir tão feliz, ao ponto de nem conseguir fechar os olhos.
Já acreditei em amores perfeitos, já descobri que eles não existem.
Já amei pessoas que me decepcionaram, já decepcionei pessoas que me amaram.
Já passei horas na frente do espelho tentando descobrir quem sou, já tive tanta certeza de mim, ao ponto de querer sumir.
Já menti e me arrependi depois, já falei a verdade e também me arrependi.
Já fingi não dar importância às pessoas que amava, para mais tarde chorar quieta em meu canto.
Já sorri chorando lágrimas de tristeza, já chorei de tanto rir.
Já acreditei em pessoas que não valiam a pena, já deixei de acreditar nas que realmente valiam.
Já tive crises de riso quando não podia.
Já quebrei pratos, copos e vasos, de raiva.
Já senti muita falta de alguém, mas nunca lhe disse.
Já gritei quando deveria calar, já calei quando deveria gritar.
Muitas vezes deixei de falar o que penso para agradar uns, outras vezes falei o que não pensava para magoar outros.
Já fingi ser o que não sou para agradar uns, já fingi ser o que não sou para desagradar outros.
Já contei piadas e mais piadas sem graça, apenas para ver um amigo feliz.
Já inventei histórias com final feliz para dar esperança a quem precisava.
Já sonhei demais, ao ponto de confundir com a realidade... Já tive medo do escuro, hoje no escuro "me acho, me agacho, fico ali".
Já cai inúmeras vezes achando que não iria me reerguer, já me reergui inúmeras vezes achando que não cairia mais.
Já liguei para quem não queria apenas para não ligar para quem realmente queria.
Já corri atrás de um carro, por ele levar embora, quem eu amava.
Já chamei pela mamãe no meio da noite fugindo de um pesadelo. Mas ela não apareceu e foi um pesadelo maior ainda.
Já chamei pessoas próximas de "amigo" e descobri que não eram... Algumas pessoas nunca precisei chamar de nada e sempre foram e serão especiais para mim.
Não me dêem fórmulas certas, porque eu não espero acertar sempre.
Não me mostre o que esperam de mim, porque vou seguir meu coração!
Não me façam ser o que não sou, não me convidem a ser igual, porque sinceramente sou diferente!
Não sei amar pela metade, não sei viver de mentiras, não sei voar com os pés no chão.
Sou sempre eu mesma, mas com certeza não serei a mesma pra sempre!
Gosto dos venenos mais lentos, das bebidas mais amargas, das drogas mais poderosas, das idéias mais insanas, dos pensamentos mais complexos, dos sentimentos mais fortes.
Tenho um apetite voraz e os delírios mais loucos.
Você pode até me empurrar de um penhasco que eu vou dizer:
- E daí? Eu adoro voar!

Clarice Lispector.

25 de jan. de 2010

3 minutos...


O que são 3 minutos?
Tempo suficiente
tempo para:
rir
chorar
resolver
falar ao telefone
falar o que se quer
o que não se quer
ouvir
sentir...

Suficiente?...
Depende de quem e de como se manipula, se sente e se vive o tempo...

E quando se sente que não há nada mais a fazer, calar.
Deitar, pensar...
olhar para trás.

3 minutos...
pausa
silêncio...

Melhor dormir e esperar os próximos primeiros 3 minutos do dia seguinte...

"Foi o tempo que perdeste com tua rosa que fez tua rosa tão importante". (Antoine de Saint-Exupéry)


23 de jan. de 2010

Onde alguma coisa persiste...


Fazia sol, o dia fervilhava...
e sua mansidão, em nada lembrava a aridez do dia.
Cansada, precisava apenas de paz...

Um retiro... um lugar onde alguma coisa persiste. Essa "coisa" era a sua mente.

Acendeu incensos pela casa, um cigarro, e sentou-se. Começou a escrever...
Precisava escrever. Precisava "aprisionar" nas palavras, a liberdade de seus pensamentos...

Fez-se paz.

Desconectou-se do mundo, e entrou em contato com alguém que há muito tempo não conversava.

Sua alma estava em festa!

21 de jan. de 2010

De mãos dadas


Olhos distantes
corpo cansado
no peito angústia,
grito abafado...

Anestesia
Solidão...

Pedras no caminho
caminho truncado...
E a voz a embalar,
"se essa rua, se essa rua fosse minha... eu mandava, eu mandava ladrilhar..."

Mas essa rua não é sua...
é minha essa rua, e as pedras não são de brilhante...

Olhos rasos d'água
corpo presente
no peito esperança,
grito revelado...

É minha essa rua,
e estamos de mãos dadas...

Ponto de força astral,
amor incondicional
anjo protetor
luz...

Seu amor e sua luz sim são os meus brilhantes, voinha... te amo.


15 de jan. de 2010

...Bruna...


Era uma linda menina.
As lembranças de minha infância, daquele antigo apartamento em Ipanema, eram poucas, mas nunca esqueci do rosto daquela linda menina...
Seu olhar parecia distante, mas seu brilho e sua força me tocaram.
Até o dia em que não a vi mais...

Anos se passaram... mas aquele olhar estava sempre comigo.

Lagoa. Dia de festa.
Pessoas conhecidas, quase desconhecidas...

Você não é minha prima?!

E aquele olhar surgiu novamente. Não mais distante... na verdade, quase palpável. E a menina havia se tornado uma linda mulher!
O reencontro possibilitou uma inexplicável conexão... pouco nos vimos, mas sabíamos que nos conhecíamos há muito tempo...

Novamente passei muito tempo sem vê-la.

Até o dia em que nos reencontramos. Havíamos feito a mesma escolha, no mesmo tempo, no mesmo espaço.
Coincidência?! É certo que não.

Afinidade
Amizade
Irmandade
Confiança
Respeito
União

Formava-se o elo material que faltava...

E nesta longa jornada que ainda temos pela frente, do futuro pouco sabemos, mas nossos olhares não mais deixarão de se cruzar.

Solidificava-se o encontro, a união e a eterna ligação de amor, amizade e fraternidade desses dois espíritos de luz.

Namastê!

14 de jan. de 2010

Identidade


O ser como unidade. Identidade.
A busca de identidade é infinda. Algo que a razão humana não pode alcançar.
Em meio a essa angústia, preciso se faz entender que, mesmo assim, somos únicos, passíveis de mudanças, e que mais importante do que se preocupar unicamente com as frustrações que podemos causar a terceiros, precisamos estar atentos às nossas próprias frustrações. Precisamos parar de inventar uma identidade, olhar para dentro e ser que realmente queremos ser! Voltar atrás em certos conceitos e decisões já estabelecidas não é pecado, não há nada de errado em mudar de idéia. A vida é feita de ciclos, e nada será como antes.
Vivemos a era da informação, das redes, da globalização. E tudo isso, que ao mesmo tempo faz com que certos "dogmas", certas "verdades absolutas" caiam por terra, como era de se esperar, faz com que tenhamos menos tempo de olhar para dentro, de refletirmos, pensarmos, de sermos livres...

Ah, a liberdade! Como dizem os psicanalistas, esta se resume em podermos escolher a prisão em que vamos viver... e isso não deixa de ser uma forma de liberdade. Podemos escolher com quem, onde e como vamos viver, mas isso não nos liberta. Estaremos sempre atados a alguma situação. E assim, criamos nossos "muros". A liberdade, em seu sentido literal, é subversiva e não podemos, nem sabemos viver assim.

Importante então é saber que, apesar de nossa limitada liberdade, somos humanos, portadores de sentidos que nenhum outro animal possui, e que precisamos saber usar nosso aparelho corpo-mente da melhor forma possível, sem se deixar levar pela "maré" e seguir nossos próprios instintos, desejos e vontades, sabendo que nosso limite acaba quando chegamos às margens do "muro" do outro.

Nossa liberdade está no pensamento...




10 de jan. de 2010

Luz dos meus olhos...

Nunca antes em minha vida havia podido sentir tanto amor...
Era um sentimento que tivera que aprender a lidar para que não fosse sufocado pelo medo de perder.
Olhos de jabuticaba, cabelo de fios dourados, bochechas com covinhas, e uma sabedoria que apenas espíritos de muita luz podem conter.

Uma benção. Um presente.

E nesse instante tudo passou a fazer sentido.
Nascia uma princesa que viera ensinar a menina a ser mulher.

Luiza, luz dos meus olhos...







6 de jan. de 2010

Serena...

Dúvida.
Ela sempre cisma em aparecer.
Às vezes sem querer, às vezes numa avalanche, por vezes sorrateira e sempre estonteante...
Por quê tantas dúvidas?! A quantas anda nossa confiança?!...
Até o mais soberano dos homens, tem lá suas dúvidas... sua fragilidade.
É inegável que somos todos ignorantes perante o futuro. Mas o que é o futuro?

Me consola pensar que o futuro é consequência do presente. Nossos atos são os únicos responsáveis por nosso destino, nossa felicidade.

O livre arbítrio... Causa e Efeito...

Mas como saber? Como ouvir as sutis pistas que nosso coração e corpo nos dão, nesse mundo "express", nesse mundo que não pára, que não cala, que não nos dá a ver?

Procuremos o espaço, o tempo, o corpo, a mente. Entremos em contato com nosso espírito, despindo nossa mente e corpo da carga mundana, dos problemas, das dúvidas, da pressa... Repousemo-nos em brandas águas, leves brisas, lá no fundo do nosso coração.

Não tenho a menor dúvida que teremos senão todas, muitas respostas, e a segurança em ser potencialmente quem verdadeiramente somos.

"Há muitas razões para duvidar e uma só para crer". (C. Drummond)

5 de jan. de 2010

O novo ano

Sozinha num quarto pequeno e abafado
Olhando pela janela e avistando o horizonte
Seus sonhos tão distantes...
Seus olhos cobertos de água
Seu peito, mágoa.
E como num sopro divino,
seu corpo sedento de vida!

Embora as mazelas fossem severas,
seu peito, aos poucos, enchia-se de levezas...

As levezas vinham das mais variadas fontes.

Sol, mar, lua, vento. Riso doce da princesa, minha violeta, da flor... da vida!

E assim, ela começava o novo ano. Repleta de mudanças, projetos, sonhos e, apesar do pequeno quarto, com uma vontade imensa de fazer seu coração ganhar o mundo!