26 de jul. de 2011

Os mais doces sorrisos...

Faz silêncio dentro dela. 
Por capricho do destino, a ausência se faz presente.
O silêncio é quebrado pelo choro incessante e pelo corpo que arde em febre.
O coração se aperta e acelera. Quer paz.

Faz tudo que pode e, ainda assim, sente-se impotente. Queria poder mais.
Sente falta. Quer dar o colo que não teve. Quer sentir o colo que se foi há quase 7 anos...
Precisa gritar, mas tem sua voz calada.
Inspira, expira... chora.

Não exige das pessoas o que elas não têm, mas exige de si.
Precisa fortalecer-se, mas precisa de uma válvula de escape. Onde encontrá-la?!
Procura, e não acha.
Resigna-se com o que tem, o que pode ser, o que é.

Abaixa a cabeça, sorri e segue.
Ergue-se, acorda e pára.
Olhar no horizonte, corpo presente.
A cabeça fervilha...

Mãos ressecadas, olhos úmidos...
Pequenas mãos acariciam seu rosto e enchem seu coração de alegria.
O amor cerca-lhe a alma... recompensa.
Olha para aquelas duas almas de luz e sente-se forte de novo.

Esquece as tristezas, manda embora a angústia.
Rejubila-se pelo que a vida lhe deu... o maior de todos os bens, o verdadeiro amor.
Segue firme, forte, renovada.
A vida lhe acaricia a pele e a alma com os mais doces sorrisos!

Por elas e pra elas, vale todo e qualquer esforço... 

Que eu tenha sempre a felicidade de ter seus sorrisos, e a alegria de ver-lhes fortes, felizes e realizadas, meus amores... Mamãe ama muito vocês.


8 de jul. de 2011

Resgates...

Os tempos de hoje são cruéis. Mesmo com o advento da tecnologia, do avanço nas comunicações, dos novos conhecimentos que nos chegam a cada dia, vivemos tempos em que um precioso bem se faz ausente. O tempo.
As vinte e quatro horas do dia se tornaram escassas... o mundo globalizado, a escravidão do capitalismo, e a necessidade cada vez mais premente de se produzir, estão tornando os seres humanos escravos... escravos do dinheiro, do trabalho, do tempo.
As antes tão imprescindíveis horas de descanso, de lazer e de momento com a família, se tornaram parcas... e mesmo quando existe uma brecha de tempo, este é tão mal aproveitado em virtude da estafa física e do stress emocional, que se torna inexistente, nula.
Mas até que ponto a busca por melhores condições materiais para a família, para o nosso próprio conforto, e até mesmo para tornar “o mundo melhor”, tornarão as pessoas mais felizes?! Tornarão?!
Sem dúvida essa é uma das grandes incógnitas do mundo contemporâneo, das famílias, de nós  mulheres que, mesmo estando completamente inseridas no mercado de trabalho e atuantes na estrutura material da vida familiar, também nos preocupamos com a qualidade do tempo que destinamos a nós mesmos, à família, ao universo particular em que cada um está inserido.
Hoje vemos nossas crianças cada dia mais inteligentes, dominando a tecnologia e o mundo virtual, ligadas durante muitas horas à programação televisiva. Tudo isso seria ótimo se não fosse só isso ou se isso não tomasse grande parte do seu tempo. E a cada dia que passa, menos as vemos nos parques brincando, andando de bicicleta, correndo, “aprontando”. Cada vez mais as vemos sedentárias, com a maturidade acelerada, pulando fases e vivendo a vida frenética dos pais. Lamentável.
Então o que pretendemos fazer? Que pais desejamos ser? Em que parte do nosso tempo está inserida a família? Está? Que legado pretendemos deixar para nossos filhos? Será que “darmos a eles tudo que não tivemos” em termos materiais é a prioridade? Ou “darmos a eles tudo que não tivemos”, se é que não tivemos, em termos de presença, atenção e cumplicidade de nossos pais seria melhor? O que será que eles pensarão quando tiverem maturidade suficiente para refletir sobre nós, pais? O que nós queremos que eles pensem acerca de nós? Que apenas somos muito trabalhadores e os oferecemos o melhor do mundo? Ou que somos presentes, atentos, atuantes em suas vidas?
Sim, é claro que tudo isso é importante, apesar de ser difícil oferecermos tudo. Mas para isso precisamos lhes destinar nosso tempo, nossa atenção exclusiva nesse tempo, nossa presença, amizade, cumplicidade, paciência... Nesse tempo precisamos ser pais. E só.
Outra parte do tempo precisamos destinar a nós mesmos, para lhes mostrar que também é importante termos nossos momentos privados, o próprio lazer, pois nem só de trabalho e filhos precisamos nos ocupar. Mas ocuparmo-nos com nossa essência, com nosso corpo, com os nossos desejos. Isso é ser feliz.
Nesse mundo cada vez mais expresso, impaciente, hostil, virtual, sem tempo, precisamos recriar o tempo. E mais do que isso, estarmos certos de que o faremos da melhor maneira que pudermos.
Então proponho um resgate. Resgatemos nossas memórias, nossa juventude, a gentileza, a paciência, os afetos... Sejamos menos sérios e mais moleques, encontremos nossa essência, escutemos nossa consciência, nosso corpo. Ouçamos as crianças. As nossas e as que habitam em nós. Recuperemos a utopia, desejemos um mundo realmente melhor... Pois um mundo melhor não se faz só com a matéria, não é regido pelo dinheiro e pela ganância. É antes o mundo das crianças, do amor, da gentileza, da poesia, da arte...  da arte de saber viver bem!... Vocês não acham?!
Namastê!

6 de jul. de 2011

[Des]ordenações

Palavras ditas. Ouvido atento. Pensamentos.
Sentimentos despertos. Peito aberto. Recolhimento.
Sinais claros. Visível distância. Isolamento.
As palavras ecoam...

Ausência de impulso. Excesso de desejo. Inércia.
Gestos audíveis. Tradução incrédula. Repetição.
Sinais conhecidos. Diferentes ações. Incógnitas.
Os impulsos latejam...

Palavras
Pensamentos
Sentimentos
Sinais
Impulso
Desejo
Tradução

Palavras misturadas, mente embaralhada. Confusão.
Faltam as alianças, a dança, o tesão.
Sobram ecos, inércia, paixão.
Quebra-cabeça de peças inexatas e mutáveis precisando se encontrar. [Des]ordenação.