8 de jul. de 2011

Resgates...

Os tempos de hoje são cruéis. Mesmo com o advento da tecnologia, do avanço nas comunicações, dos novos conhecimentos que nos chegam a cada dia, vivemos tempos em que um precioso bem se faz ausente. O tempo.
As vinte e quatro horas do dia se tornaram escassas... o mundo globalizado, a escravidão do capitalismo, e a necessidade cada vez mais premente de se produzir, estão tornando os seres humanos escravos... escravos do dinheiro, do trabalho, do tempo.
As antes tão imprescindíveis horas de descanso, de lazer e de momento com a família, se tornaram parcas... e mesmo quando existe uma brecha de tempo, este é tão mal aproveitado em virtude da estafa física e do stress emocional, que se torna inexistente, nula.
Mas até que ponto a busca por melhores condições materiais para a família, para o nosso próprio conforto, e até mesmo para tornar “o mundo melhor”, tornarão as pessoas mais felizes?! Tornarão?!
Sem dúvida essa é uma das grandes incógnitas do mundo contemporâneo, das famílias, de nós  mulheres que, mesmo estando completamente inseridas no mercado de trabalho e atuantes na estrutura material da vida familiar, também nos preocupamos com a qualidade do tempo que destinamos a nós mesmos, à família, ao universo particular em que cada um está inserido.
Hoje vemos nossas crianças cada dia mais inteligentes, dominando a tecnologia e o mundo virtual, ligadas durante muitas horas à programação televisiva. Tudo isso seria ótimo se não fosse só isso ou se isso não tomasse grande parte do seu tempo. E a cada dia que passa, menos as vemos nos parques brincando, andando de bicicleta, correndo, “aprontando”. Cada vez mais as vemos sedentárias, com a maturidade acelerada, pulando fases e vivendo a vida frenética dos pais. Lamentável.
Então o que pretendemos fazer? Que pais desejamos ser? Em que parte do nosso tempo está inserida a família? Está? Que legado pretendemos deixar para nossos filhos? Será que “darmos a eles tudo que não tivemos” em termos materiais é a prioridade? Ou “darmos a eles tudo que não tivemos”, se é que não tivemos, em termos de presença, atenção e cumplicidade de nossos pais seria melhor? O que será que eles pensarão quando tiverem maturidade suficiente para refletir sobre nós, pais? O que nós queremos que eles pensem acerca de nós? Que apenas somos muito trabalhadores e os oferecemos o melhor do mundo? Ou que somos presentes, atentos, atuantes em suas vidas?
Sim, é claro que tudo isso é importante, apesar de ser difícil oferecermos tudo. Mas para isso precisamos lhes destinar nosso tempo, nossa atenção exclusiva nesse tempo, nossa presença, amizade, cumplicidade, paciência... Nesse tempo precisamos ser pais. E só.
Outra parte do tempo precisamos destinar a nós mesmos, para lhes mostrar que também é importante termos nossos momentos privados, o próprio lazer, pois nem só de trabalho e filhos precisamos nos ocupar. Mas ocuparmo-nos com nossa essência, com nosso corpo, com os nossos desejos. Isso é ser feliz.
Nesse mundo cada vez mais expresso, impaciente, hostil, virtual, sem tempo, precisamos recriar o tempo. E mais do que isso, estarmos certos de que o faremos da melhor maneira que pudermos.
Então proponho um resgate. Resgatemos nossas memórias, nossa juventude, a gentileza, a paciência, os afetos... Sejamos menos sérios e mais moleques, encontremos nossa essência, escutemos nossa consciência, nosso corpo. Ouçamos as crianças. As nossas e as que habitam em nós. Recuperemos a utopia, desejemos um mundo realmente melhor... Pois um mundo melhor não se faz só com a matéria, não é regido pelo dinheiro e pela ganância. É antes o mundo das crianças, do amor, da gentileza, da poesia, da arte...  da arte de saber viver bem!... Vocês não acham?!
Namastê!

Nenhum comentário:

Postar um comentário